sexta-feira, 3 de junho de 2011

O que é Engenharia de Produção??

Texto elaborado por Ricardo Naveiro Professor da UFRJ e Diretor Técnico da ABEPRO - GESTÃO 2004/ 2005

A Engenharia de Produção se dedica ao projeto e gerência de sistemas que envolvem pessoas, materiais, equipamentos e o ambiente.
Ela é uma engenharia que está associada as engenharias tradicionais e vem ultimamente ganhando a preferência na escolha dos candidatos à engenharia. Ela é sem dúvida a menos tecnológica das engenharias na medida que é mais abrangente e genérica, englobando um conjunto maior de conhecimentos e habilidades. O aluno de engenharia de produção aprende matérias relacionadas a economia, meio ambiente, finanças, etc., além dos conhecimentos tecnológicos básicos da engenharia.

Qual a diferença entre engenharia de produção e administração de empresas ?
A engenharia de produção tem um conteúdo tecnológico, isto é o aluno cursa as disciplinas básicas de química, física e matemática complementadas por um conjunto de matérias de engenharia, tais como materiais, desenho técnico, eletrotécnica, automação industrial etc... É claro que a profundidade que o aluno estuda essas matérias técnicas é menor que a dos seus colegas da engenharia elétrica, mecânica, etc. Ambas as carreiras têm matérias sobre administração, comércio, contabilidade e técnicas de gerência. Na engenharia de produção essas matérias estão mais voltadas para a realidade industrial.

O curso de engenharia de produção não fica um curso muito superficial, onde o aluno acaba não aprendendo nada ?
Não, o engenheiro de produção é o único profissional do mercado que consegue enxergar os problemas de forma global, não fragmentada. Ele conhece os diversos problemas industriais e as tecnologias que são necessárias para resolvê-los, mas nem sempre é a pessoa que irá se concentrar no detalhe da resolução.

Nesse caso, o engenheiro de produção então depende sempre de outros profissionais para resolver os problemas ?
Isso é parcialmente verdadeiro para os problemas tecnológicos, principalmente para os problemas mais complexos. Mas, nem todas as empresas são do tamanho da Petrobras, pelo contrário a maioria das empresas são de médio e pequeno porte, de forma que muitas delas tem problemas tecnológicos de baixa complexidade perfeitamente resolvíveis por um engenheiro de produção.

Qual é então a área específica de conhecimento de um engenheiro de produção ?
O engenheiro de produção tem como area específica de conhecimento os métodos gerenciais, a implantação de sistemas informatizados para a gerência de empresas, o uso de métodos para melhoria da eficiência das empresas e a utilização de sistemas de controle dos processos da empresa. Tudo o que se refere as atividades básicas de uma empresa tais como planejar as compras, planejar e programar a produção e planejar e programar a distribuição dos produtos faz parte das atribuições tipicas do engenheiro de produção. É por isso que o engenheiro de produção pode trabalhar em praticamente qualquer tipo de indústria.

Em que setores da economia trabalha um engenheiro de produção ?
Em vários setores tais como:
  • Indústrias de automóveis, eletrodomésticos, de equipamentos, etc. enfim setores que fabricam algum tipo de produto.
  • Empresas de serviços tais como: empresas de transporte aéreo, transporte maritimo, construção, consultoria em qualidade, hospitais, consultoria em geral e cursos, etc.
  • Instituições e empresas públicas tais como: Correios, Petrobras, Agência Nacional de Energia, Agência Nacional de Petróleo, BNDEs, etc.
  • Empresas privadas de petróleo, usinas de açucar, empresas de telefonia, agroindústrias, indústrias de alimentos, bancos (parte operacional), seguradoras e fundos de pensão.
  • Bancos de investimento (na análise de investimentos)
O que faz um engenheiro de produção ?
Ele pode trabalhar em diversas áreas da empresa:
  • Área de operações: execução da distribuição dos produtos, controle de suprimentos, ...
  • Área de planejamento: estratégico, produtivo, financeiro, ...
  • Área financeira: controle financeiro, controle dos custos, análise de investimentos.
  • Área de logística: planejamento da produção e da distribuição de produtos, ...
  • Área de marketing: planejamento do produto, mercados a serem atendidos, ...
Como está o mercado para os engenheiros de produção ?
Considerando-se a situação atual de retração do mercado de engenharia no Brasil, o mercado de engenharia de produção é sem sombra de dúvida o que desfruta da melhor situação. Todos os engenheiros de produção vem conseguindo boas colocações no mercado principalmente em função do seu perfil que coincide com o que se está demandando nos dias de hoje: um profissional com uma sólida formação científica e com visão geral suficiente para encarar os problemas de maneira global. O mercado de trabalho para o engenheiro de produção tem-se mostrado extremamente diversificado. Além do mercado tradicional (empresas e empreendimentos industriais), altamente instável e dependente da estabilidade econômica, uma série de setores/áreas passaram a procurar os profissionais formados pelas melhores universidade em engenharia de produção. O ponto em comum entre todas as áreas citadas abaixo é o dinamismo e sua alta taxa de crescimento. São setores que tem crescido mesmo quando a economia como um todo tem se estagnado e todas as previsões são unânimes em considerá-los como extremamente promissores no futuro (próximos 5 anos). Os principais são:
  • Finanças
  • Telecomunicações
  • Atuária
  • Informática e Internet
Faculdades promovem a "McDonaldização" do ensino
Em oposição ao ensino reflexivo, as faculdades estão promovendo a Educação de resultados. Para a maioria dos cursos universitários, profissional competente será aquele preparado par dar respostas práticas e rápidas que acelerem o lucro, "característica inerente à manutenção das relações de poder da sociedade", como ressalta matéria da revista "CartaCapital". Pelo país, reproduzem-se às dezenas cursos que preparam seus alunos para o mercado competitivo, formando profissionais como se fosse produtos ou marcas. Trata-se da "McDonaldização" da Educação, comparam os autores da matéria, o administrador de empresas Rafael Alcadipani e o professor da Fundação Getúlio Vargas, Ricardo Bresler.
Assim como na rede mundial de lanchonetes, dizem eles, algumas universidades espalham seus cursos pelo país, como franquias que formatam pessoas dóceis, submissas e disciplinadas. A principal idéia vendida é de que para ter sucesso profissional e ganhar dinheiro é preciso ser um profissional com capacidade técnica para produzir resultado práticos e não um profissional cidadão. Contraditoriamente, quem defende essa agilidade de resultados, prega também a flexibilidade e a humanização nas empresas. No entanto, aquela receita de bolo pré-formatada não coincide em nada com um projeto humanista.

Quantificação da produção
Após a faculdade, vem a fase de produção de publicações. Participar de congressos e publicar artigos se tornam o diferencial para um currículo sólido, mesmo que a pesquisa seja irrelevante. Assim, importam as publicações por quilo e não pela qualidade. Como disse a filósofa e professora da USP, Marilena Chauí, em entrevista à revista "Caros Amigos", a produtividade é medida por números: números de publicações, número de orientados na pós-graduação, número de cursos de extensão. O próprio ministro da Educação, Paulo Renato Souza, confirmou essa teoria durante participação no programa "Roda Viva", na TVE. Todas as indagações eram respondidas com números. Quando questionado sobre o que é formar um estudante para a vida, ele respondeu que significava "preparar para o mercado de trabalho e passar no vestibular". O protótipo da "fast-imbecilização" são os cursinhos pré-vestibulares, em que professores adestrados cantam, dançam e repetem piadas para que seus alunos memorizem conteúdo suficiente para passar no vestibular. Superada essa fase, é jogado no lixo todo o conteúdo que despreza a lógica econômica.

Quantificação da pessoa
Mesmo nas universidades mais formatadas, no entanto, ainda existem jovens com capacidade de refletir e criticar, não se submetendo à coisificação e quantificação da pessoa. O ideal, ressaltam os autores, seria multiplicar essa capacidade de questionamento, mudando as diretrizes atuais da Educação. De início, deve se desmitificar a transmissão da técnica como sendo a única função da Educação. Para uma formação mais ampla, capaz de incentivar a reflexão, é necessário deixar de lado a ênfase na instrumentalização e promover um pensamento que tenha força na emancipação.

Material retirado da Universidade aberta do dia 30/05/00: http://www.unaberta.ufsc.br/index.html Enviado por Prof. João Ernesto E. Castro UFSC/CTC/EPS/LSAD http://www.lsad.eps.ufsc.br/

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